Panorama: Um ano e meio como director do Terminal de Viana, que balanço faz do ano de 2023?
Manuel Sousa e Silva: O balanço é positivo, apesar da queda no volume de carga movimentada em relação a 2022, que está interligada à redução das importações no país. A nossa produtividade manteve-se. Isso deu-nos a oportunidade de melhorar os nossos processos internos, principalmente no que diz respeito à segurança, também com a introdução de um shuttle bus para eliminar pedestres no pátio e nas zonas operacionais. Temos feito vários GEMBA Walks, com o objetivo de identificar janelas de melhorias. Foram também implementadas reuniões entre departamentos para o melhoramento da comunicação interna.

A nível do nosso core business, houve um aumento na carteira de serviços, pois começaram a ser feitas inspecções aleatórias nos contentores pela AGT. Iniciámos o serviço de armazenamento de contentores vazios com as linhas CMA CMG e Maersk, tivemos um aumento considerável acima dos 60% no armazenamento de contentores frigoríficos e capacitámos o capital humano para prestar eficiência nesses serviços.
Os serviços anteriormente referidos implicaram novos investimentos?
MSS: Sim, recebemos uma Empty Handler (empilhadora de vazios), que nos permitiu uma melhor mobilidade operacional, diminuindo o desgaste das RS (empilhadora de cheios) com esse tipo de trabalho, isto para o armazenamento de vazios. Quanto às inspecções, já tínhamos as infraestruturas criadas onde é feito esse tipo de trabalho e aumentámos a fiscalização.
Quais são as perspectivas para 2024?
MSS: Uma estrutura do nosso nível começa a projectar e trabalhar muito antes do ano actual. Todavia, investimos na construção de um Posto de Transformação. Como se diz, vamos trabalhar com a energia da rede, que certamente contribuirá para a redução dos nossos custos com os combustíveis, manutenções a geradores e auxiliar os dois novos serviços em que começámos a trabalhar no ano passado e prevemos ter disponíveis nos primeiros meses de 2024: Verified Gross Mass (VGM) ou pesagem, bem como a emissão de certificados para esse serviço, e Pre-Trip Inspection (PTI) ou pré-inspecção antes da viagem para contentores frigoríficos e o scanner. Este é o primeiro investimento do género feito pela empresa desde o início da actividade.
Em carteira estão também a implementação dos turnos de serviço rotativos, uma das exigências da Administração Geral Tributária (AGT).

Para além da SOGESTER, existem empresas residentes a funcionar dentro do terminal. Prevê-se um aumento?
MSS: Por enquanto não temos previsões em relação a este assunto. A previsão que temos é de aumento de atendimentos a nível da DHL e Banco Sol. No entanto, como consequência do nosso aumento de serviços e algo que não referi na primeira questão, o posto da Polícia Fiscal passou a ser já no ano passado denominado esquadra policial, uma vez que implica maior fiscalização.
Quer dizer que vão fazer alterações no sistema de segurança?
MSS: Vamos reforçar com a instalação de CCTV em toda a extensão do terminal, com especial atenção às zonas de entrada e saída de mercadorias, armazéns onde são feitas as inspecções e no pátio.
As organizações devem ter uma relação de proximidade com o meio envolvente e uma boa parte do nosso capital humano reside no município de Viana.
Sobre as requalificações feitas ao longo da Avenida Fidel Castro, terá algum impacto na mobilidade operacional do terminal?
MSS: Positivamente esperamos.
Houve algum encontro com o dono da obra para avaliar possíveis impactos?
MSS: Reunimos com o dono da obra para perceber melhor a sua visão, passámos também a nossa perspectiva, uma vez que foram feitos estudos internos e acreditamos que o responsável pela obra vai fazer um trabalho que será uma mais-valia para todo o meio envolvente.
A nova logomarca no edifício também é já uma das formas de ganhar mais visibilidade?
MSS: Não exactamente, claro que vamos ganhar mais visibilidade, uma vez que teremos novas vias próximas do terminal. Foi uma decisão tomada muito antes de termos o conhecimento da construção das novas vias.
Sabe-se que estão a ser feitas reparações no muro de vedação do terminal, é uma questão pontual?
MSS: Na altura da aquisição do terreno já estava vedado, mas não era uma vedação preparada para o tipo de actividade que exercemos, aliado à erosão causada pelas chuvas na parte exterior do terminal. Por uma questão de prevenção e segurança, optámos por colocar uma nova vedação.
Considera que o terminal tem uma boa relação com o meio envolvente? Já existem projectos de acção social a decorrer ou em carteira?
MSS: Sou de opinião que as organizações devem ter uma relação de proximidade com o meio envolvente. Uma boa parte do nosso capital humano reside no município de Viana, que tem sido um dos critérios de recrutamento do pessoal.

Ainda não temos nenhum projecto de responsabilidade social, mas nos foi feito um pedido de estágio pelo Instituto Médio de Gestão e Administração, para recebermos oito alunos.
Quando ficámos a saber do início das obras das novas vias de acesso, rapidamente nos disponibilizámos para apoiar no que fosse necessário. O investimento que temos feito em espaços verdes na zona frontal do terminal, apesar de ser um projecto nosso, visa em parte melhorar a imagem da Avenida Fidel Castro e creio que seja também um plano do município a longo prazo. Temos também prestado apoio, quando possível, a acidentes rodoviários que ocorrem na via, quer na prestação de primeiros socorros a pequenos ferimentos, na remoção de viaturas e por vezes na orientação do tráfego, caso afecte directamente a nossa actividade.
Ainda não temos nenhum projecto de responsabilidade social, mas nos foi feito um pedido de estágio pelo Instituto Médio de Gestão e Administração, para recebermos oito alunos. Não vimos qualquer impedimento e vão estagiar no terminal durante três meses na área de Higiene, Segurança, Saúde e Ambiente, que é uma das áreas chave da empresa. Mas temos muitos projectos em carteira, podem voltar dentro de três meses para falarmos sobre isso.
Obrigado pelo seu tempo e voltamos dentro de três meses.
MSS: Até já!


